Estrada das Garças
Conrado: BMW R1250 GS Rallye.
Humberto: BMW R1200 GS Adventure Rallye.
Marcos André: BMW R1250 GS Adventure HP.
Rafael: BMW R1250 GS Rallye.
Dia 18 de abril de 2023, sábado.
O destino hoje é a Estrada das Garças, no município de Mostardas, litoral do Rio Grande do Sul, no trajeto de que liga a Lagoa do Bacupari ao Oceano Atlântico através das dunas.
Desta vez o ponto de encontro foi no apartamento do Humberto. Saímos de Porto Alegre em torno das 10 horas da manhã pela Av. dos Estados e BR 290, nesta percorrendo 16 Km até a RS 118, à direita da rodovia. Seguimos pela RS 118, uma rodovia de pista simples, por mais 16 Km até a RS 040 seguindo em direção leste por 53 Km até a localidade de Capivari do Sul, onde paramos para almoçar no restaurante Seival (Av. Telmo Sessim, 1408), à beira da estrada, próximo ao trevo de acesso à BR 101. O restaurante é bastante simples e com boa comida.
Após o almoço seguimos pela BR 101 em direção ao Sul por cerca de 45 Km até o início da Estrada das Garças, acesso à Lagoa do Bacupari, à esquerda da rodovia. As estradas até aqui percorridas são asfaltadas, sendo a BR 290 uma rodovia duplicada com quatro faixas de rodagem de cada lado e as demais rodovias, de pista simples.
O trajeto da Estrada das Garças até a Praia de Bacupari é de cerca de 4 Km, todo calçado com pedras bastante irregulares. No local há um pequeno vilarejo com residências, pousadas e pequenos comércios que servem de apoio aos turistas que ali buscam seu momento de lazer. Em um destes comércios nos abastecemos com água e alguns itens necessários para passarmos aquela noite acampados em barracas próximos ao mar.
A Praia do Bacupari fica no município de Mostradas, à beira da Lagoa dos Barros, distante ccerca de 82 Km ao norte da sede da cidade. É um local simples, com águas calmas e cristalinas, perfeito para descansar, praticar esportes aquáticos e contemplar a natureza. A Lagoa do Bacupari está unida à Lagoa dos Barros por um pequeno canal sobre o qual se pode transpor por uma ponte que faz parte da Estrada das Garças.
Já passavam das 14 horas quando entramos no trajeto da Estrada das Garças que separa a Lagoa do Bacupari do Oceano Atlântico. Este trecho de cerca de 8 Km se dá através das dunas, com diversos caminhos que se criam pela movimentação das areias em decorrência do vento. Na realidade não existe uma estrada permanente. O que existe são estes diversos camihos formando um labirinto entre as dunas, que mudam de lugar conforme estas se modificam. Aliado à constante mudança, estes caminhos são de muita areia, com inúmeros grandes bolsões que dificultam a passagem das big trails, em alguns deles atolando as motos e se fazendo necessário o auxílio dos demais membros do grupo para transpor estes obstáculos. O esforço físico é constante, assim como o desafio de chegar à beira da praia, com o calor intenso nos castigando e exigindo hidratação permanente. Neste caminho se encontram diversas pessoas em veículos 4×4, algumas motos de trilha e quadriciclos. Muitos destes nos desencorajaram a seguir até a praia devido ao grande acúmulo de areia, porém nossa determinação em completar o percurso foi bem maior. Como diz o Conrado, este trajeto é um “mini Jalapão”.
Após muito esforço, divertimento e algumas quedas, chegamos à beira da praia já no fim da tarde, com um pequeno trecho de poucos metros com dunas ainda nos separando da água do mar. Nesta praia deserta escolhemos uma duna mais alta com algumas vegetações para armarmos nosso acampamento. Barracas montadas, foi hora de celebrarmos o desfio vencido.
À medida que a noite caia e em meio a conversas entre amigos, o Conrado prepara um jantar inesperado para um acampamento em meio às areias das dunas de uma praia deserta. O cardápio foi massa penne com molho de queijo, linguiça calabresa com molho de tomate e uma salada saborosíssima com diversos ingredientes, acompanhados de cerveja, Coca Cola e água. Ali permanecemos por longas horas ao redor de uma fogueira trazendo os mais diversos assuntos que, assim como os galhos da vegetação ao nosso redor alimentavam o fogo que iluminava nosso acampamento, esta convivência alimentava as relações de amizade.
No dia seguinte logo cedo estávamos em pé e prontos para levantar acampamento, não sem antes tomarmos nosso café da manhã. Para nossa surpresa, nosso chef de cozinha Conrado nos apresenta um café completo, com pão, geleia, atum e até uma dúzia de ovos intactos embalados de forma extremamente criativa e que ficou protegida mesmo durante o off road pesado do dia anterior, agora se transformando em uma omelete pelas mãos do Humberto. Inacreditável!
Acampamento desmontado, foi hora de transpormos a última duna para chegarmos à beira da praia. Vencido este obstáculo, seguimos pela orla por mais 20 Km em direção ao sul até o Farol da Solidão, ainda no município de Mostardas. Este trajeto foi bastante tranquilo e também divertido, com a areia bastante firme.
O Farol da Solidão está localizado a cerca de 71 Km da sede do município de Mostardas, no distrito chamado Edgardo Pereira Velho. A primeira torre foi instalada no ano de 1916, construída em ferro. A atual torre, construída de concreto em formato cilíndrico e de cor vermelha, tem 21 metros de altura com uma luminosidade de até 19 milhas náuticas. É uma referência na região, com sua bela arquitetura destacando-se em meio à paisagem da praia (https://www.rotasdemoto.com.br/2019/04/30/farol-da-solidao/).
A partir do Farol da Solidão, o trajeto até a BR 101 é de cerca de 9 Km e se dá por uma estrada sem pavimentação e com areia litorânea, apresentando alguns trechos de areia bastante solta e fofa.
Ao chegarmos na BR 101 retornamos ao asfalto. Seguimos em direção norte por 62 Km até Capivari do Sul, onde chegamos em torno das 14 horas. Lá almoçamos uma a la minuta no restaurante do Alemão (Av. Telmo Sessim, 1372), ao lado do posto de combustíveis Capivari, da rede Ipiranga, no trevo de acesso entre a RS 040 e a BR 101.
Voltamos para Porto Alegre pelas mesmas estradas, ou seja, RS 040, RS 118 e BR 290, chegando em casa às 16h45min com exatos 348,6 Km rodados.
Este foi um passeio onde mais uma vez buscamos superar nossos limites, saindo da zona de conforto. Passar por sobre dunas, caminhos repletos de variantes e muita areia, ainda com muitas pessoas nos dizendo ser impossível fazer aquilo, certamente não é a melhor opção para motos com mais de 260 Kg. Desafios como esse, assim como na vida, podem ser superados quando estamos em equipe, onde somos o apoio uns dos outros e compartilhamos a melhor solução a todos. Estar em equipe para empreitadas assim é fundamental, porém ter uma equipe de amigos é um privilégio de poucos. Nós somos privilegiados.
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